Todas as mulheres são líderes

Lorena de Souza
5 min readMar 8, 2019

No dia 07 de março de 2019, tive a oportunidade de palestrar sobre desafios e ações de mulheres na liderança e dividir uma roda de conversa com a Caroline Dalmolin do Facebook. O conteúdo foi bem recebido pela audiência e por isso achei importante trazer para mais um texto.

Era 13 de Abril de 2018, quando estava de férias, e recebi o email de convite da minha gerência para participar de um programa feito exclusivamente para mulheres se desenvolverem enquanto lideranças no Brasil. Fiquei tão eufórica e feliz que parei as minhas férias e fui pesquisar que tal programa era esse. O programa chama WiLD — Women in Leadership Developement. Logo nas primeiras pesquisas me deparei com a página:

Fonte: https://www.thoughtworks.com/insights/blog/all-women-are-leaders-wild

"All women are leaders!"

"Todas as mulheres são líderes"

Como um dos slogan do programa, me vi durante todo o programa refletindo sobre essa frase. Todas as mulheres são líderes.

TODAS as mulheres são LÍDERES. TODAS AS MULHERES SÃO LÍDERES!!!

Na ThoughtWorks, a gente costuma ter uma liderança muito perspicaz. Elas nunca diriam algo assim só para impactar. Há algo a mais por traz dessa frase. Então, passado 6 meses de reflexão dessa frase, realmente entendi toda a força que isso queria dizer. O significado que atribuí ao slogan não fez sentido só para mim, mas a outras mulheres com quem dividi a ideia também.

A minha interpretação a esse slogan, ocorreu depois que fiz a seguinte adaptação:

Todas as mulheres são líderes. Precisamos despertá-las!” Lorena, 2019.

Capturei que, geralmente, nós mulheres expressamos inúmeras características naturais que estão presentes em grandes lideranças na história da humanidade.

Pense nas mulheres ao seu redor, da sua vó, mãe, aquela sua colega sonhadora que faz várias ações para mobilizar uma pequena comunidade sem muito privilégio, até uma diretora da empresa que você trabalha. Elas, em sua grande maioria, tem uma sede enorme por melhorar os espaços que habitam. Quando não, estão sempre preocupadas com o bem comum, nunca querem vencer sozinhas, acreditam sempre no win-win (ganha-ganha). Ou mesmo, estão preocupadas com as outras pessoas, como se sentem em certa situação a fim de oferecerem uma boa experiência. Além disso, geralmente somos hard workers - trabalhamos duro seja qual for a tarefa. Somos também flexíveis suficiente para compreender e respeitar o ponto de vista diferente do nosso. E por fim, geralmente ouvimos mais do que falamos e facilmente ensinamos por exemplo.

Das lideranças que vivem perto de você consegue identificar características como essas acima? Eu super consigo. Vejo minha mãe, minha vó, minha sogra, minha companheira e várias mulheres do meu trabalho. E elas raramente foram chamadas de Líderes.

Depois de tanto observar mulheres ao meu redor, passei a acreditar que todas as mulheres são líderes, algumas ainda estão adormecidas e nós precisamos despertá-las para isso.

Toda sociedade precisa avisar para essas mulheres que elas são líderes!!

Confesso que, no WiLD, quando a facilitadora do programa, disse em alto e bom som "Vocês foram convidadas para esse programa, porque nós da ThoughtWorks já vemos vocês como líderes!". Isso foi algo muito forte para mim, era a primeira vez que ouvi uma liderança acima de mim me dizer isso. De lá pra cá minha postura diante de muita coisa mudou e foi fundamental para eu aceitar cada vez mais novos desafios, sabendo dos riscos, mas com um olhar muito forte em resultados.

Um dos desafios que aceitei foi sair do Brasil para ir trabalhar por 3 meses para um cliente americano, na borda do Vale do Silício (Redwood City), ao lado de San Francisco. Indo atuar como liderança técnica do time, com a responsabilidade de convencer o time e o cliente que aquele caminho nos traria bons resultados.

O outro desafio em seguida, foi aceitar um outro convite para participar de um evento da ThoughtWorks em Pequim, na China. Representando a região do Brasil também com a expectativa de trazer conhecimento para o escritório onde estava alocada.

Todos esses foram desafios que em outro momento me amedrontaria e simplesmente iria buscar uma desculpa para não estar lá. E nesse ponto volto para a frase inicial, sinto um dever em ajudar a libertar a mente de outras mulheres, como eu me libertei a partir da ajuda que recebi de outras também. Hoje levo comigo a frase da Oprah, em que estendo para vários contextos:

“Se você é livre, precisa libertar alguém. Se você tem poder, então seu trabalho é empoderar outra pessoa.”

Se a sua raça ou seu grupo é livre, vc precisa liberar e empoderar outras raças ou outros grupos. Se a sua empresa é livre, vc precisa libertar e empoderar outras empresas também. E assim por diante.

Espero que até aqui, você esteja refletindo sobre essa frase. Caso acredite nisso, não deixe de avisar as mulheres próximas de você que "Sim, Ela é uma mulher líder naquele contexto." Isso poderá ser transformador.

Se você não se sente muito convencida ainda, aqui está uma pesquisa que me fez refletir bastante:

Fonte: https://news.gallup.com/businessjournal/183026/female-bosses-engaging-male-bosses.aspx

Esse estudo norte-americano da Gallup percebeu que “os funcionários que trabalham para uma gerente (cargo de liderança) são mais engajados, em média, do que aqueles que trabalham para um gerente”.

O Relatório da Gallup de 2015 analisou 40 anos de pesquisa, 27 milhões de funcionários e 195 países. Em seu relatório, eles descobriram que tanto funcionários do sexo masculino quanto do sexo feminino têm maior envolvimento com gerentes do sexo feminino. Pam!!!

Um recorde do relatório do Gallup

Líderes que são capazes de engajar mais pessoas, certamente terá uma equipe que entrega mais valor aos clientes. Não vem ao caso, mas para essa minha afirmação também há uma pesquisa.

Acho que nem preciso mais delongar o quanto é importante e estratégico ter mais mulheres em cargos de liderança.

Muito obrigada,
Estou aberta a qualquer feedback.

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